sábado, 25 de janeiro de 2014

UM POEMINHA

Estava aqui,
e de repente, o vento
rompendo o estreito silêncio
das luzes e dos reflexos
que não vislumbrei em teus olhos

(Clóvis Bujes, Jan/2014)

sábado, 29 de junho de 2013

DESPEDIDA

Adeus ao lugar
onde conheci tristezas
descobri alegrias, amei e desamei
onde senti medo e arranjei coragem.

Adeus ao lugar onde plantei e colhi
onde as crianças se criaram
e criaram asas e tomaram rumo
e que rumo, nem sei.

Adeus ao lugar, às fases da lua e às minhas
às paredes onde rabisquei, onde presenti
às paredes dos segredos, àquelas onde dei cabeçadas
de quebrar os cantinhos e onde hei de voltar

Adeus aos pensamentos, que aqui ficam
e aos que insistem em me acompanhar
às dores, aos sabores, que como as cores,
persistirão na alma

Adeus aos pássaros
e ao abacateiro, que cresceu
que produziu, que envelheceu,

tal qual a mim
                                       (Clóvis Bujes)

LADRÃO DE VERSOS

é possível me arrancar poesia
em tão duros tempos
em que o sol acalma a alma
em que o frio arranha os ossos
em que o vento canta em meus ouvidos

é possível me arrancar poesia
em tão duros tempos
em que o musgo cresce sobre a pedra
em que os grilos rompem o silêncio
em que meu coração acelera descompassado

é possível me arrancar poesia
em tão duros tempos
em que meu olhar se perde no teu
                                               (Clóvis Bujes)

BEIJO

sim... há beijos suaves, violentos,
sedentos por lábios que beijam despudoradamente
sem meia-boca, sem meio-beijo,
sem meio-medo de serem beijos, de serem beijados...
por isso beijem beijos lascivos que molhem ou que ressequem, mas beijem...
o inferno é aqui e paraíso é a êxtase do beijo
                                                                                (Clóvis Bujes)

SEM SOM


e esse silêncio?
que me cobre a alma
que me dobra joelhos e cotovelos
que me cobra as horas
que me deixa
que me procura
que me alucina e me dá ideias      (Clóvis Bujes)